Na zona transmontana do Romeu, em Mirandela, está em curso uma das oito experiências do projeto apresentada hoje à comunicação social e que envolve ovinos da Raça Churra Galega Bragançana, responsável pelo cordeiro com Denominação de Origem Protegida
Um projeto europeu que junta 13 parceiros de Portugal, Espanha e França está a tentar recuperar práticas antigas de pastoreio para prevenir incêndios florestais e melhorar a qualidade dos produtos pecuários.
Na zona transmontana do Romeu, em Mirandela, está em curso uma das oito experiências do projeto apresentada hoje à comunicação social e que envolve ovinos da Raça Churra Galega Bragançana, responsável pelo cordeiro com Denominação de Origem Protegida (DOP).
“Estamos a recuperar práticas e técnicas que já eram utilizadas ancestralmente pelos pastores, mas que fruto do abandono rural vieram a ser desmotivadas e agora o que nós queremos é recuperar essas práticas com melhores tecnologias, melhores técnicas e valorizar os produtos obtidos nestas áreas”, explicou Alfredo Teixeira, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
Esta instituição faz parte do grupo de 13 parceiros, entre instituições de ensino superior, centros de investigação e institutos tecnológicos, fundações, organismos de gestão regionais e 22 associações de Portugal, Espanha e França. O projeto OPEN2PRESERVE é financiado pela União Europeia em mais de 1,7 milhões de euros, através do programa FEDER (Fundo de Desenvolvimento Regional).
Segundo Alfredo Teixeira, o objetivo “é, com práticas culturais combinadas de fogo controlado ou de limpeza mecânica, associada a pastoreio de ovinos ou de equinos, procurar prevenir incêndios florestais e preservar estes espaços”. No caso do Romeu, concretamente no Vimieiro, está a ser trabalhada uma parcela de terreno, onde foi feita limpeza mecânica para, quando rebentar a vegetação, começar a ser pastoreada por ovinos.
Animais controlados por GPS
Os animais vão ser controlados através de GPS para estudar a ocupação que fazem e será também analisada a qualidade da carne para comparar com as práticas normais de pastoreio e ver qual é a valorização. Os promotores ambicionam igualmente que “esta parcela sirva de exemplo para que haja práticas semelhantes, para que seja replicado” o projeto.
O projeto que envolve os três países é coordenado pela Universidade Pública de Navarra e vai a meio, com data de conclusão em fevereiro de 2021, mas os intervenientes estão já a pensar pedir o alargamento do prazo. De acordo com Rosa Maria Canales, da Universidade de Navarra, serão necessários, pelo menos, “mais dois anos, para obter resultados mais consolidados”.
Fernando Costa é pastor do rebanho com mais de 170 ovelhas que participa na experiência de Mirandela e garante que aqueles terrenos são “muito bons para o gado”. Sobre o projeto nada diz porque não é ele o patrão, mas apressa-se a contestar a associação que é feita dos pastores aos incêndios florestais. “Serão pessoas que o fazem de maldade, agora o pastor não deita fogo. Depois onde é que o pastor vai meter o gado para comer?”, questionou.
Contribuir para melhorar a relação entre os incêndios, os pastores e o ambiente é também um dos propósitos do projeto que mostra ainda “a componente social da pecuária” e, no caso, o contributo para limpar as áreas mais sensíveis, como realçou Armando Carloto, secretário técnico da Raça Churra Galega Bragançana.
Armando Carloto adiantou que esta raça de ovinos não se pode queixar, porque é das poucas que está a aumentar o efetivo, passando de 10 mil animais para aproximadamente 15.500 em uma década.
Todavia, o preço dos cordeiros não aumenta “há mais de 20 anos”, ao contrário dos custos de produção, e “em função do rendimento, cada vez há menos pastores”, numa região que “tem cada vez menos gente e com idade mais avançada”, constatou.
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